O texto abaixo foi sintetizado de uma conferência de Victor Manuel Gomes, que nasceu na Colômbia, no dia 03 de março de 1917 e teve mais de 100 obras traduzidas.
"A Não Identificação com o diário viver e porque julgamos aos demais
Quando alguém se identifica, a Consciência dorme.
Se perde a vigília, compreendamos isso.
A vida é como um filme; é uma película de um filme, como é natural, composta por muitos quadros e cenas. Não convém de modo algum, identificar-nos com alguma cena, com nenhum quadro, com nenhuma aparência, por que tudo passa: passam as pessoas, passam as idéias, passam as coisas, todo o mundo é ilusório. Qualquer cena da vida, por forte que seja, passa e fica atrás no tempo.
O que deve interessar a nós é aquilo que se chama SER, a Consciência.
Isso é o fundamental, porque o Ser não passa: o Ser é o Ser...
Quando nós nos identificamos com as distintas comédias, dramas e tragédias da vida é óbvio que caímos na fascinação e na inconsciência do sonho psicológico. Este é o motivo pelo qual não devemos identificarmos com nenhuma comédia, drama ou tragédia da vida, porque por mais grave que seja, passa.
Tem um ditado comum que diz: "Não tem mal que dure cem anos, nem corpo que o resista" Assim que tudo é ilusório e passageiro.
Alguém, na vida, se encontra as vezes com alguns problemas difíceis. Acontece que as vezes, não encontramos a saída ou a solução ao problema e este se torna enorme, monstruoso, gigantesco em nossa mente.
Então, sucumbimos ante as preocupações e dizemos: que farei? como farei? Não encontramos escapatória e o problema, se torna, mas monstruoso, enorme e gigantesco na medida em que seguimos pensando nele. Porém chega o dia em que, nós, afrontamos o problema tal qual é, quer dizer, se agarramos o touro pelos chifres, vemos que o problema fica em nada, se destrói por si mesmo, é de natureza ilusória.
Porém é indispensável não identificar-se com nenhuma circunstância da vida. Quando não nos identificamos com tal ou qual problema, quando permanecemos alerta, descobrimos no problema nossos próprios defeitos psicológicos. Normalmente vemos que os problemas obedecem ao medo; o eu do temor mantém vivo aos problemas.
Se teme a vida, se teme a morte, o que dirão, o que pensarão, a fofoca, a calúnia, a miséria, a fome, a desnudes, a prisão. A tudo se teme, e devido a isso os problemas se fazem cada vez mais insolúveis, mais fortes.
Em um problema econômico, que temos?
A ruína que tenhamos que pagar determinada dívida, porque se não pagamos, nos metem na prisão, etc.
Em um problema de família o que temos?
O diz que diz, a língua venenosa, o escândalo, os interesses criados, etc.
Porém se se elimina o Eu do temor, tudo se esfuma, se torna nada.
Se alguém não se identifica jamais com nenhum evento, problema ou situação, consegue estar sempre alerta ou vigiante.
E é neste estado de alerta onde se descobre os eus psicológicos.
Defeito descoberto deve ser compreendido e depois eliminado.
As piores circunstâncias da vida resultam ser as que mais aportam para o nosso crescimento interior.
Nos momentos mais agradáveis da vida soe render menos o nosso trabalho interior.
Quando alguém se identifica, não identifica o defeito que esta se manifestando. Normalmente esses defeitos se projetam nas demais pessoas, buscam dentro de nós que se dê a identificação para que nós não os identifiquemos, assim não podemos descobri-los e nem eliminá-los.
Para o trabalho esotérico, então, é fundamental iniciar uma etapa de luta incessante para não identificar-se com elemento algum, seja o que for.
Se uma pessoa se identifica, por exemplo. com o álcool termina tomando; se se identifica com a glutonice, acaba comendo em excesso, e assim sucessivamente com cada coisa que se dará.
Uma identificação com a ira nos dorme tanto a Consciência que poderíamos durar vários dias identificados sem retomar o trabalho psicológico. É necessário que lutemos a cada momento para não se deixar identificar.
Por que julgamos aos demais?
Agora estudemos este outro aspecto que impede o despertar da Consciência. É necessário saber que, realmente, não conhecemos a nós mesmos e que todas as pessoas no exterior nos servem de espelho para ver-nos refletidos.
Se cada vez que aparece alguém com um defeito, e neste mesmo momento observamos a nós mesmos, vemos que algo esta movendo-se e que não quer que o observemos. Por isso reage e trata que critiquemos o que tal ou qual pessoa esta fazendo, para dormirmos a Consciência e que não consigamos descobri-lo.
Em um dado momento, o que nos incomoda de alguém, é algo que carregamos oculto dentro da nossa psicologia e não nos agrada vê-lo por fora, por isso o criticamos.
Em outras reações podemos descobrir que interiormente temos o defeito contrário ao que vemos externamente. Por exemplo: se vejo alguém que esta esbanjando o seu dinheiro e em meu interior tenho o eu avarento, este defeito reage quando vê o seu oposto no exterior. Logo, sinto desagrado.
A chave de tudo é dirigir sempre a observação ao mundo interior, ver o que sentimos, o que pensamos, o que desejamos, a forma como estamos reagindo, a conversa interior que se dá, etc.
Enquanto alguém observa o interior, fará descobrimentos e pode ir eliminando o que irá compreendendo.
Porém se se dá a identificação, o seguinte passo será a Critica.
Tão logo nos identificamos, começamos a julgar a outra pessoa, criticando o defeito que temos projetado nela.
Como resultado do anterior, a Consciência dorme e perde o próprio Juízo Crítico.
O Juízo Crítico é a capacidade que tem a Consciência de compreender os próprios defeitos, porém essa capacidade desaparece tão logo se critica a outra pessoa.
Reflitamos nisso: se não nos conhecemos a nós mesmos, como podemos acreditar que conhecemos aos demais?
Por isso julgamos qualquer aparência ou qualquer ação que vemos nos outros. Porém nunca devemos identificar-nos com as aparências, por que as aparências enganam. Olhamos a uma mulher fazendo determinada coisa e dizemos: " Ah! essa é uma prostituta." "Este é um não sei o que" " Este outro é um afeminado". "Aquele de lá é tal coisa". "O outro que vem lá é um ladrão", etc.
Porém, quem esta julgando? Se observamos o dedo que aponta e os outros três dedos que apontam em sentido contrário...
São os nossos próprios "eus" que estão falando, por fora, o que temos dentro.
Temos que nos dar conta do que estamos julgando nos demais é uma simples aparência. Não conhecemos as razões psicológicas que obrigaram a uma pessoa a obrar em determinada forma, simplesmente vemos um fato externo e julgamos a aparência exterior.
Portanto, o juízo que fazemos é um juízo equivocado, e o que acontece com este juízo equivocado?
Esse juízo é uma calúnia, a qual termina originando uma má relação entre as pessoas ( o caluniador e o caluniado). Em esoterismo, o que verdadeiramente importa é a forma como estamos relacionados internamente uns com os outros, si eu julgo a alguém, me tornarei seu inimigo.
Porém, continuemos analisando: quando alguém critica ou calunia a outra pessoa é por que se identificou. Perde a possibilidade de auto-observação e auto-julgamento de seus próprios defeitos.
A autocrítica é fundamental.
Permite ver nosso próprio defeito refletido lá, em frente, na outra pessoa.
Se no tornamos conscientes de que temos esse defeito, podemos pedir morte e teremos a eliminação do mesmo.
É importante iniciar uma luta para deixar de julgar aos demais; essa luta nos levará a isso que se chama o Despertar da Consciência e se dará em duas frentes:
● NÃO IDENTIFICAR-SE
● NÃO JULGAR aos demais
Se começamos a combater estes dois erros, não nos dormirá a Consciência. E recuperamos o juizo Crítico.
Quando alguém recupera verdadeiramente o juízo crítico, todo o mundo lhe servirá como espelho para poder trabalhar os próprios defeitos.
A morte em marcha vai render de forma impressionante.
Uma pessoa perde demasiado tempo julgando aos demais. Se não temos a capacidade de compreender os atos das pessoas, que supostamente estão no mesmo nível de consciência que o nosso ou inferior, muito menos poderemos julgar os Seres que tem um nível de consciência superior.
Reflitamos nisso:
▪ Não conhecemos a nós mesmos
▪ Projetamos os nossos defeitos nas demais pessoas
▪ Julgamos as aparências externas
▪ Tais ações não concordam realmente com o juízo que nós emitimos
▪ Porém, julgamos equivocadamente as ações das demais pessoas, caluniamos
▪ O juízo que nós emitimos é, em verdade, o próprio defeito psicológico que projetamos nos demais
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