sábado, 24 de novembro de 2012

Presença e Reflexo

Eu me lembro de ter visto no SESC Pinheiros em São Paulo em 2006 a exposição Balkan Erotic Epic desta artista Marina Abramovic (nascida na Iugoslávia em 1946) e agora volta a encontra-la em um documentário sobre a retrospectiva de suas obras, expostas no MoMa, NY - USA com destaque para a performance "A Artista está Presente". O público podia participar da performance sentando-se de frente para o olhar da artista que de forma desconcertante e emblemática  apresentava-se como "espelho" metafórico do expectador, bem como realizava uma experiência de atenção e singularidade profunda.
Quem não foi ao MoMa em NY pode assistir o documentário. Recomendo com forma de reflexão nos dois sentidos.

Marina Abramović
The Artist is Present


sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Julgamos porque nos identificamos, e assim a nossa consciência adormece.

O texto abaixo foi sintetizado de uma conferência de Victor Manuel Gomes, que nasceu na Colômbia, no dia 03 de março de 1917 e teve mais de 100 obras traduzidas.


"A Não Identificação com o diário viver e porque julgamos aos demais

Quando alguém se identifica, a Consciência dorme.
Se perde a vigília, compreendamos isso.
A vida é como um filme; é uma película de um filme, como é natural, composta por muitos quadros e cenas. Não convém de modo algum, identificar-nos com alguma cena, com nenhum quadro, com nenhuma aparência, por que tudo passa: passam as pessoas, passam as idéias, passam as coisas, todo o mundo é ilusório. Qualquer cena da vida, por forte que seja, passa e fica atrás no tempo.
O que deve interessar a nós é aquilo que se chama SER, a Consciência.
Isso é o fundamental, porque o Ser não passa: o Ser é o Ser...

Quando nós nos identificamos com as distintas comédias, dramas e tragédias da vida é óbvio que caímos na fascinação e na inconsciência do sonho psicológico. Este é o motivo pelo qual não devemos identificarmos com nenhuma comédia, drama ou tragédia da vida, porque por mais grave que seja, passa.
Tem um ditado comum que diz: "Não tem mal que dure cem anos, nem corpo que o resista" Assim que tudo é ilusório e passageiro.

Alguém, na vida, se encontra as vezes com alguns problemas difíceis. Acontece que as vezes, não encontramos a saída ou a solução ao problema e este se torna enorme, monstruoso, gigantesco em nossa mente.
Então, sucumbimos ante as preocupações e dizemos: que farei? como farei? Não encontramos escapatória e o problema, se torna, mas monstruoso, enorme e gigantesco na medida em que seguimos pensando nele. Porém chega o dia em que, nós, afrontamos o problema tal qual é, quer dizer, se agarramos o touro pelos chifres, vemos que o problema fica em nada, se destrói por si mesmo, é de natureza ilusória.
Porém é indispensável não identificar-se com nenhuma circunstância da vida. Quando não nos identificamos com tal ou qual problema, quando permanecemos alerta, descobrimos no problema nossos próprios defeitos psicológicos. Normalmente vemos que os problemas obedecem ao medo; o eu do temor mantém vivo aos problemas.

Se teme a vida, se teme a morte, o que dirão, o que pensarão, a fofoca, a calúnia, a miséria, a fome, a desnudes, a prisão. A tudo se teme, e devido a isso os problemas se fazem cada vez mais insolúveis, mais fortes.

Em um problema econômico, que temos?
A ruína  que tenhamos que pagar determinada dívida, porque se não pagamos, nos metem na prisão, etc.
Em um problema de família o que temos?
O diz que diz, a língua venenosa, o escândalo, os interesses criados, etc.
Porém se se elimina o Eu do temor, tudo se esfuma, se torna nada.

Se alguém não se identifica jamais com nenhum evento, problema ou situação, consegue estar sempre alerta ou vigiante.
E é neste estado de alerta onde se descobre os eus psicológicos.
Defeito descoberto deve ser compreendido e depois eliminado.
As piores circunstâncias da vida resultam ser as que mais aportam para o nosso crescimento interior.
Nos momentos mais agradáveis da vida soe render menos o nosso trabalho interior.
Quando alguém se identifica, não identifica o defeito que esta se manifestando. Normalmente esses defeitos se projetam nas demais pessoas, buscam dentro de nós que se dê a identificação para que nós não os identifiquemos, assim não podemos descobri-los e nem eliminá-los.

Para o trabalho esotérico, então, é fundamental iniciar uma etapa de luta incessante para não identificar-se com elemento algum, seja o que for.
Se uma pessoa se identifica, por exemplo. com o álcool  termina tomando; se se identifica com a glutonice, acaba comendo em excesso, e assim sucessivamente com cada coisa que se dará.
Uma identificação com a ira nos dorme tanto a Consciência que poderíamos durar vários dias identificados sem retomar o trabalho psicológico. É necessário que lutemos a cada momento para não se deixar identificar.


Por que julgamos aos demais?

Agora estudemos este outro aspecto que impede o despertar da Consciência. É necessário saber que, realmente, não conhecemos a nós mesmos e que todas as pessoas no exterior nos servem de espelho para ver-nos refletidos.
Se cada vez que aparece alguém com um defeito, e neste mesmo momento observamos a nós mesmos, vemos que algo esta movendo-se e que não quer que o observemos. Por isso reage e trata que critiquemos o que tal ou qual pessoa esta fazendo, para dormirmos a Consciência e que não consigamos descobri-lo.
Em um dado momento, o que nos incomoda de alguém, é algo que carregamos oculto dentro da nossa psicologia e não nos agrada vê-lo por fora, por isso o criticamos.

Em outras reações podemos descobrir que interiormente temos o defeito contrário ao que vemos externamente. Por exemplo: se vejo alguém que esta esbanjando o seu dinheiro e em meu interior tenho o eu avarento, este defeito reage quando vê o seu oposto no exterior. Logo, sinto desagrado.

A chave de tudo é dirigir sempre a observação ao mundo interior, ver o que sentimos, o que pensamos, o que desejamos, a forma como estamos reagindo, a conversa interior que se dá, etc.

Enquanto alguém observa o interior, fará descobrimentos e pode ir eliminando o que irá compreendendo.
Porém se se dá a identificação, o seguinte passo será a Critica.
Tão logo nos identificamos, começamos a julgar a outra pessoa, criticando o defeito que temos projetado nela.
Como resultado do anterior, a Consciência dorme e perde o próprio Juízo Crítico.
O Juízo Crítico é a capacidade que tem a Consciência de compreender os próprios defeitos, porém essa capacidade desaparece tão logo se critica a outra pessoa.
Reflitamos nisso: se não nos conhecemos a nós mesmos, como podemos acreditar que conhecemos aos demais? 
Por isso julgamos qualquer aparência ou qualquer ação que vemos nos outros. Porém nunca devemos identificar-nos com as aparências, por que as aparências enganam. Olhamos a uma mulher fazendo determinada coisa e dizemos: " Ah! essa é uma prostituta." "Este é um não sei o que" " Este outro é um afeminado". "Aquele de lá é tal coisa". "O outro que vem lá é um ladrão", etc. 
Porém, quem esta julgando? Se observamos o dedo que aponta e os outros três dedos que apontam em sentido contrário...
São os nossos próprios "eus" que estão falando, por fora, o que temos dentro.
Temos que nos dar conta do que estamos julgando nos demais é uma simples aparência. Não conhecemos as razões psicológicas que obrigaram a uma pessoa a obrar em determinada forma, simplesmente vemos um fato externo e julgamos a aparência exterior. 
Portanto, o juízo que fazemos é um juízo equivocado, e o que acontece com este juízo equivocado?
Esse juízo é uma calúnia, a qual termina originando uma má relação entre as pessoas ( o caluniador e o caluniado). Em esoterismo, o que verdadeiramente importa é a forma como estamos relacionados internamente uns com os outros, si eu julgo a alguém, me tornarei seu inimigo. 
Porém, continuemos analisando: quando alguém critica ou calunia a outra pessoa é por que se identificou. Perde a possibilidade de auto-observação e auto-julgamento de seus próprios defeitos.
A autocrítica é fundamental.
Permite ver nosso próprio defeito refletido lá, em frente, na outra pessoa.
Se no tornamos conscientes de que temos esse defeito, podemos pedir morte e teremos a eliminação do mesmo.
É importante iniciar uma luta para deixar de julgar aos demais; essa luta nos levará a isso que se chama o Despertar da Consciência e se dará em duas frentes:

● NÃO IDENTIFICAR-SE
● NÃO JULGAR aos demais

Se começamos a combater estes dois erros, não nos dormirá a Consciência. E recuperamos o juizo Crítico.
Quando alguém recupera verdadeiramente o juízo crítico, todo o mundo lhe servirá como espelho para poder trabalhar os próprios defeitos. 
A morte em marcha vai render de forma impressionante. 
Uma pessoa perde demasiado tempo julgando aos demais. Se não temos a capacidade de compreender os atos das pessoas, que supostamente estão no mesmo nível de consciência que o nosso ou inferior, muito menos poderemos julgar os Seres que tem um nível de consciência superior.

Reflitamos nisso:

▪ Não conhecemos a nós mesmos
▪ Projetamos os nossos defeitos nas demais pessoas
▪ Julgamos as aparências externas
▪ Tais ações não concordam realmente com o juízo que nós emitimos
▪ Porém, julgamos equivocadamente as ações das demais pessoas, caluniamos
▪ O juízo que nós emitimos é, em verdade, o próprio defeito psicológico que projetamos nos demais

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

AUGUSTO FRANCO - POR QUE AS EMPRESAS QUEREM MUDAR SEM MUDAR

Quando falamos de processos criativos não consigo imaginar que o ambiente não seja considerado para que  flua as ideias e impressões pelas estruturas. O Professor Augusto Franco em seu artigo abaixo expões a necessidade de mudanças reais de relacionamentos dos interlocutores de uma estrutura para não termos mais dos mesmo.

Publicado por Augusto de Franco em 18 outubro 2012 às 16:40 em TRANSIÇÃO ORGANIZACIONAL


Nos novos mundos altamente conectados que estão emergindo no dealbar deste terceiro milênio, as empresas estão condenadas a inovar. Elas pressentem isso na forma de um imperativo categórico. Em alguns casos – como os das empresas do ramo do conhecimento, por exemplo – esse imperativo chega a ser dramático: inovação ou morte!
Ora, inovação é mudança. É o surgimento do que ainda não existe. Para inovar é preciso mudar a maneira de fazer as coisas. Quem faz tudo sempre do mesmo modo não muda. As empresas também sabem disso. Eis a razão pela qual, em princípio, até se dispõem a avaliar qualquer mudança que lhes for proposta. O problema é que fazem isso, em geral, defensivamente. Deixam claro que prefeririam mudar sem mudar. Mudança sim, mas desde que não mude nada (do que consideram essencial).
Por último, algumas empresas também já estão descobrindo que há uma relação entre inovação e rede como padrão de organização (ou modo de funcionamento). Sabem que suas organizações foram desenhadas para alcançar a excelência na reprodução das mesmas coisas (mesmos processos, mesmos produtos, mesmos serviços). Para tanto, seus modelos de gestão almejam direcionar e disciplinar a interação, não deixá-la fluir livremente. Um padrão de organização capaz de deixar a interação fluir é o padrão de rede e não um padrão vertical.
O padrão de rede é aquele que proporciona múltiplos caminhos:


O padrão de organização atual das empresas é o padrão piramidal, baseado na escassez de caminhos e desenhado para ensejar o comando e controle:


As empresas estão aprendendo isso do jeito mais árduo, ao constatar que seus esforços para se tornar mais inovadoras não são tão bem-sucedidos quanto gostariam. Desconfiam que esse insucesso tem a ver com a incapacidade de mudar o seu padrão de organização (ou modo de funcionamento) mas não sabem o que fazer para modificar tal padrão sem colocar em risco seus negócios.
É importante não confundir os padrões centralizado, descentralizado e distribuído de organização. O padrão descentralizado (que corresponde à hierarquia) é bem diferente do padrão distribuído (que corresponde à rede):


Para entender melhor o que acontece, vamos usar aqui uma metáfora: a do software e do hardware. O termo software foi criado como um trocadilho com o termo hardware (que significa ferramenta física). Software seria tudo aquilo que faz a ferramenta funcionar excetuando-se sua parte física. Software, quando usado no sentido de programa de computador, é uma sequencia de instruções a serem executadas pela máquina (o hardware, no caso, o computador: suas unidades de processamento, memória e seus dispositivos de entrada e saída).
As empresas aceitam mudar softwares. Temem, porém, mexer no hardware. O hardware é o padrão de organização da empresa.


Então as empresas acabam comprando qualquer novo software de inovação. Desde que esteja garantido que não será necessário mudar o seu hardware.
Consultores de inovação entram nesse jogo (“me engana que eu gosto”) vendendo programas, cursos, palestras motivacionais, vivências e outras metodologias e tecnologias sociais que não mexem nas relações que fazem da empresa o que ela é. Dizem, via de regra, que tal ou qual empresa (mas isso acaba valendo para todas) não está ainda “culturalmente preparada” para mudanças abruptas ou radicais.
O problema é que não adianta mudar o software se não se mudar o hardware.
O hardware é a topologia da rede interna da empresa e da rede externa que envolve o seu ecossistema (incluindo todos os stakeholders). Para seguir com a nossa metáfora, o modelo de gestão e o sistema de governança estão gravados no hardware, são partes do firmware (o conjunto de instruções operacionais programadas diretamente no hardware). Isso é que é difícil mudar.
Pois enquanto o software pode ser alterado sem a troca de um componente de hardware, o firmware não pode: ele está envolvido com as operações básicas sem as quais o sistema não funciona mais nos termos em que foi projetado.
É isso, portanto, que deve ser mudado: o hardware, a estrutura (o padrão de organização) que determina uma dinâmica (o modo de funcionamento).


Mas quando se trata de mudança de hardware, a gerência média das empresas liga o alerta vermelho. E não raro sabota as mudanças, mesmo quando estas mudanças já foram determinadas pelo CEO e pela alta direção da organização.
Algumas vezes são os CIOs que resistem, outras vezes são os chefes do RH ou do Marketing e quase sempre o Jurídico.
Todos esses agentes de departamentos acabam agindo como anticorpos do velho sistema e se mobilizam com uma rapidez incrível quando o que está em jogo é a mudança do padrão de organização.
O resultado é previsível: temos poucas mudanças quando mudamos para não mudar.
As poucas mudanças que conseguem ser implementadas são incrementais e, em geral, são incapazes de alterar a estrutura e a dinâmica da organização como um todo.
As pessoas que têm tanto medo de mudar acreditam que estão sendo responsáveis. Avaliam que qualquer mudança de hardware pode colocar em risco a organização. Não conseguem compreender que não se trata de destruir a empresa e sim de iniciar uma mudança de hardware e que essa mudança não precisa ser feita de modo abrupto.
Sim, é claro que não se pode tomar uma empresa hierárquica e transformá-la em uma empresa em rede de uma vez e, nem, em sua totalidade. No entanto, pode-se aumentar progressivamente o grau de distribuição (e, consequentemente, de conectividade e interatividade) da rede social que já existe em qualquer empresa (formada pelas conexões entre seus colaboradores e demais stakeholders em geral).
Além disso, pode-se agilizar esse incremento do grau de distribuição em áreas específicas de qualquer empresa, sobretudo naquela área mais sensível (e compreensível por parte de seus dirigentes): a inovação.
Bolhas de inovação - com topologia mais distribuída do que centralizada - podem ser criadas em qualquer empresa hierárquica:


Do que se trata – em primeiro lugar – é de reconfigurar o ambiente físico e virtual da empresa visando à criação de estruturas mais adequadas à conectividade e à interatividade no seu ecossistema, ensejando a precipitação de dinâmicas de inovação permanente.
Ou seja, do que se trata é de transitar para um padrão de rede mais distribuída. Em outras palavras, isso significa aumentar o grau de distribuição em áreas ou departamentos da empresa. Uma vez aberta uma bolha com topologia mais distribuída do que centralizada, ela pode se expandir. É a essa expansão que nos referimos quando falamos em transição da empresa hierárquica para a empresa em rede.


Trata-se, porém, mais de não-fazer do que de fazer. Trata-se de remover os obstáculos à distribuição, à conectividade e à interatividade que ainda vigem – por herança de uma velha cultura hierárquica e fechada – na maior parte das organizações. Esses obstáculos eram justificáveis em organizações voltadas para a reprodução (para replicar em série os mesmos processos, os mesmos produtos, os mesmos serviços). Mas quando o assunto é inovação, eles estão se revelando não apenas desnecessários, senão também prejudiciais.
Esse pode ser um dos motivos pelos quais a expectativa média de vida das empresas está despencando (num levantamento feito no âmbito da SP 500, essa expectativa caiu de 75 anos em 1937 para 15 anos em 2011 e não há qualquer razão para acreditar que não continuará caindo).
Como será a empresa mais distribuída do que centralizada? Não sabemos. Provavelmente, cada caso será um caso. Mas é bem possível que - em muito breve - tenhamos estruturas mais ou menos assim:


Acompanhe os próximos capítulos...

sábado, 13 de outubro de 2012

Galileu: Ressonância Mórfica

Acesse:
Ressonância mórfica: a teoria do centésimo macaco
Na biologia, surge uma nova hipótese que promete revolucionar toda a ciência
Por José Tadeu Arantes,
ilustrações Dawidson França


sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Meditação

É só respirar
Recomendada pelos médicos, estudada pelos cientistas, praticada por milhões mundo afora. Conheça essa técnica ancestral de autoconhecimento e tudo o que ela pode fazer por você.

por Jomar Morais em outubro/2003 para Revista Super Interessante
  
Na sala vazia e silenciosa, dois monges zen, com seus mantos e cabeças raspadas, estão sentados no chão, lado a lado, pernas cruzadas. Depois de alguns instantes, o mais jovem lança um olhar surpreso e irônico para o mestre. Sereno, o velho monge comenta: “É só isso, mesmo. Não vai acontecer mais nada”. Não se trata de uma cena real. É só uma charge publicada na renomada revista americana The New Yorker, brincando com o novo hábito americano de meditar regularmente, como fazem os orientais há milhares de anos. A fina ironia da charge, no entanto, tem a ver com a realidade. Embora singela, a atitude de sentar sobre uma almofada (ficar em posição de lótus exige um preparo de monge) e ficar atento à própria respiração é tão fora de propósito em nossa rotina atabalhoada que é fácil se identificar com o jovem monge, perplexo e irônico, ao encará-la pela primeira vez. Comigo não foi diferente.

Na primeira vez em que me detive a acompanhar o compasso da respiração, o sentimento inicial foi de surpresa. Espantei-me pela rapidez com que tudo caminhou para a inatividade. O turbilhão de pensamentos que ocupava minha mente (uma conta para pagar, uma cena do filme que vi no dia anterior, uma ótima piada para contar aos amigos) foi desaparecendo sem que eu me desse conta. O incômodo da perna dormente, pressionada pela flexão, logo foi substituído por um inesperado prazer, prazer de simplesmente respirar. Então, de repente, foi como se tudo houvesse parado nos primeiros segundos depois de acordar, aqueles instantes em que você se sente presente e alerta, mas com a cabeça vazia. Enfim, aqueles poucos segundos do dia em que nada acontece.

Foi então que tudo ficou meio irônico: o êxtase, o delicioso estranhamento que entupiu meus sentimentos, acabou em um segundo! E no instante seguinte todos os pensamentos voltaram: a conta, o filme, a piada e mais um monte de coisas. Rindo comigo mesmo, me perguntei – talvez como um jovem monge perplexo e desconfiado – se não haveria algo mais divertido para fazer naquele instante. Mas logo me peguei novamente de olhos fechados.
Quer dizer que meditar é só parar e não pensar em nada? É. Como afirmam os especialistas, é um não-fazer. Mas, acredite, não é fácil. Não para ocidentais como eu e você, acostumados com a idéia de que, para resolver um assunto, o primeiro passo é pensar bastante nele. Na meditação, a idéia é exatamente o oposto: parar de pensar, por mais bizarro que isso pareça.
A novidade é que, mesmo parecendo alienígena, a meditação conquista cada vez mais adeptos no Ocidente. Dez milhões de americanos meditam regularmente em casa e em hospitais, escolas, empresas, aeroportos e até em quiosques de internet. Entre os milhões de meditadores americanos estão celebridades de grosso calibre, como o dirigente da Ford, Bill Ford, e o ex-vice-presidente Al Gore. No Brasil, a exemplo da Hollywood dos anos 90, a meditação entrou para a rotina de estrelas – como a atriz Christiani Torloni e a apresentadora Angélica, que recorreu à prática para livrar-se de uma crise de síndrome do pânico – e virou ferramenta diária de produtividade em empresas e até em alguns círculos do poder. O prefeito de Recife, João Paulo, por exemplo, só inicia o expediente após meditar por alguns minutos.

Mas como é que algo assim, na contramão do pragmatismo moderno, consegue empolgar tanta gente? Como pode haver gente capaz de pagar caro para participar de sessões de meditação – ou seja, para ficar sentado em silêncio em uma sala quase sem móveis?
Sem dúvida há muita gente desiludida com o modo de vida ocidental (a destruição do meio ambiente, a vida cada vez mais solitária das grandes cidades e a competição pelo ganha-pão). Mas esse contingente não é capaz de explicar, sozinho, a explosão da meditação. A verdade é que a ciência resolveu se debruçar sobre os efeitos dessa prática, e as notícias dos laboratórios de pesquisa cada vez convencem mais pessoas a relaxar em posição de lótus.

O principal resultado dessas pesquisas pode ser resumido em duas palavras: meditação funciona. Ou seja, por mais estranho que pareça aos ratos de academia que se esfalfam em exercícios para melhorar a capacidade cardiorrespiratória, não fazer nada por alguns minutos diariamente tem efeitos palpáveis, reais e mensuráveis no corpo. E o melhor: só apareceram efeitos positivos (pelo menos até agora). Ou seja, aquilo que os adeptos da tradicional medicina chinesa e os mestres budistas viviam repetindo (com um sorriso bondoso no rosto) começa a ser comprovado por alguns renomados centros de pesquisa ocidentais, como as universidades Harvard, Columbia, Stanford e Massachusetts, nos Estados Unidos, e pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), no Brasil.

É difícil listar as descobertas porque as pesquisas sobre a meditação alcançaram a maioridade recentemente. Mais precisamente no ano 2000, quando o líder do budismo tibetano, o Dalai Lama (sempre ele), encontrou-se com um grupo de psicólogos e neurologistas na Índia e sugeriu que os cientistas estudassem um time de craques em meditação durante o transe, para ver o que ocorria com seus corpos. Os cientistas abraçaram o desafio e, desde então, as pesquisas não param de produzir surpresas. Já se sabe, por exemplo, que meditar afeta, de fato, as ondas cerebrais. Sabe-se também que isso tem efeitos positivos sobre o sistema imunológico, reduz a tensão e alivia a dor. “Três décadas de pesquisas mostraram que a meditação é um bom antídoto ao estresse”, diz o jornalista e psicólogo americano Daniel Goleman, autor dos livros Inteligência Emocional e Como Lidar com as Emoções Destrutivas, este o relato do encontro dos cientistas com o Dalai Lama.
“Agora, o que está mira dos pesquisadores é saber como a meditação pode treinar a mente e reformatar o cérebro”, afirma Daniel.

A piada dos dois monges, lá no início desta reportagem, não é gratuita. Afinal, faz séculos que se pratica meditação no Oriente, por recomendação religiosa (veja quadro sobre as meditações religiosas na página 62). O detalhe é que agora a orientação também é médica. Nos anos 70, quando a prática começou a se espalhar pelo Ocidente, impulsionada pelo movimento hippie, o cantor e compositor brasileiro Walter Franco cantava que tudo era uma questão de “manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranqüilo”. Hoje, os versos de Walter poderiam fazer parte de uma receita médica, de um treinamento em uma grande empresa ou até mesmo de um programa para a recuperação de presos.
“Focalizar a atenção no mundo interior, como se faz na meditação, é uma situação terapêutica”, diz o psicólogo José Roberto Leite, coordenador do instituto de medicina comportamental da Unifesp. “Queremos avaliar o alcance dessa prática e isolá-la de seu aspecto supersticioso.” Por trás dessa intenção está o fato de que as causas de doenças mudaram muito nos últimos 100 anos. No passado, os males eram causados principalmente por microorganismos. As pessoas morriam de poliomielite, de sarampo, de varíola e outras doenças causadas por bactérias e vírus. Mas isso mudou, graças às melhorias em saneamento e à criação de antibióticos e vacinas. “Hoje, a maioria das doenças é causada por coisas como hipertensão, obesidade e dependência química, que estão ligadas a padrões inadequados de comportamento”, diz José Roberto. Ou seja, o que mata hoje são os maus hábitos.

E são esses maus hábitos que se pretende combater pela meditação, também conhecida pelo pomposo nome de “prática contemplativa”. Apaziguar a mente, os cientistas estão descobrindo agora, pode reduzir o nível de ansiedade e corrigir comportamentos pouco saudáveis. O cardiologista Herbert Benson, da Universidade Harvard, um dos maiores pesquisadores da meditação e do poder das crenças na promoção da saúde, chega a estimar em seu livro Medicina Espiritual que 60% das consultas médicas poderiam ser evitadas se as pessoas apenas usassem a mente para combater as tensões causadoras de complicações físicas.

Mas, afinal, como é que se medita e o que acontece durante a prática contemplativa? Bem, há um leque de modalidades para quem deseja meditar, mas a receita básica é a mesma: concentração. Vale concentrar-se na respiração, uma imagem (um ponto ou uma imagem de santo), um som ou na repetição de uma palavra (o famoso mantra, como “ohmmm”, por exemplo). Parar de pensar equivale a ficar quase que exclusivamente no presente. Faz sentido. Os pensamentos são feitos basicamente de duas substâncias: as idéias e experiências que ouvimos, vivemos ou aprendemos no passado e os planos e apreensões que temos para o futuro. É naqueles raros momentos em que o meditador consegue livrar-se desses ruídos que surgem os sentimentos comuns nas descrições de iogues famosos: sensação de estar ligado com o Universo ou ter uma superconsciência do mundo. Meditar é, portanto, concentrar-se em cada vez menos coisas, inibindo os sentidos e esvaziando a mente. Tudo isso sem perder o estado de alerta, ou seja, sem dormir.
Mas como saber se deu certo? Como saber se você meditou? Essa é a melhor parte da história: não há nota ou avaliação. A não ser que você medite plugado em um aparelho de eletroencefalograma para saber se suas ondas cerebrais se alteraram. Como isso é pouco prático, a melhor medida para seu desempenho é você mesmo. Só você pode dizer o que sentiu e se foi bom.

BIOLOGIA DO ZEN
Os efeitos da meditação sobre o corpo são surpreendentes. Nos primeiros estudos sobre a meditação, na década de 60, o cardiologista Benson, de Harvard, e outros pesquisadores submeteram meditadores a experimentos nos quais a pressão arterial, os ritmos cerebrais e cardíacos e mesmo a temperatura da pele e do reto eram monitorados. Constatou-se então que, enquanto meditavam, eles consumiam 17% menos oxigênio e seu ritmo cardíaco caía para incríveis três batimentos por minuto (a média para pessoas em repouso é de 60 b.p.m.). Isso acontecia quando as ondas cerebrais alcançavam o ritmo teta, mais lento e poderoso, no qual a mente atingiria o estado de “superconsciência” relatado pelos iogues e caracterizado por insights e alegria.

As ondas teta vibram a apenas quatro ciclos por segundo. Para se ter uma idéia, quando estamos ativos o cérebro emite ondas beta, de oscilação em torno de 13 ciclos por segundo. Você conhece essa sensação causada pelas ondas teta. É aquele embotamento dos sentidos que surge nos segundos que antecedem o sono. Naquele momento, nosso cérebro funciona no ritmo teta. Mas os meditadores pesquisados não estavam dormindo. Ao contrário, estavam bem acordados e serenos.
Mais tarde, percebeu-se também que no momento da meditação o fluxo sanguíneo diminuía em quase todas as áreas cerebrais, mas aumentava na região do sistema límbico, o chamado “cérebro emocional”, responsável pelas emoções, a memória e os ritmos do coração, da respiração e do metabolismo. O cardiologista Benson, que escreveu um clássico sobre o tema nos anos 90 – A Resposta do Relaxamento – , tomou emprestado um pouco da humildade oriental e disse que seu trabalho se resumiu a explicar biologicamente técnicas conhecidas há milênios.

Desde então, uma série de novas pesquisas, respaldadas em imagens da intimidade neurológica feitas por tomógrafos sofisticados que retratam o cérebro em funcionamento, levantou o véu sobre outros segredos. Um dos estudos mais abrangentes e reveladores foi realizado por Andrew Newberg, da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos. A idéia era registrar o que ocorre com o cérebro quando se alcança o clímax em práticas místicas como a meditação e a oração. Newberg rastreou a atividade cerebral de um grupo de budistas em meditação profunda e de um grupo de freiras franciscanas rezando fervorosamente.

Ele constatou uma significativa alteração no lobo parietal superior, localizado na parte anterior do cérebro e responsável pelo senso de orientação – a capacidade de percepção do espaço e do tempo e da própria individualidade. Segundo as descobertas de Newberg, à medida que a contemplação se torna mais profunda, a atividade na região diminui aos poucos até cessar totalmente no momento de pico, aquele em que o meditador experimenta a sensação de unicidade com o Universo, cerca de uma hora após o início da concentração. Nesse instante, privados de impulsos elétricos, os neurônios do lobo parietal desligam os mecanismos das funções visuais e motoras e o meditador ou devoto perde a noção do “eu” e sente-se prazerosamente expandido, além de qualquer limite. É o nirvana. Ou seja, Newberg registrou em seus aparelhos a imagem de um cérebro literalmente no paraíso.
Mas não é só isso. As imagens revelaram que, durante a experiência, os lobos temporais (sede das emoções no cérebro) tiveram sua atividade redobrada, o que explicaria a enorme influência da meditação sobre as emoções e a personalidade dos praticantes. Newberg não teve dúvida em sua conclusão: as sensações de elevação e contato com o divino vivenciadas por budistas e freiras são um fenômeno real, baseado em fatos biológicos.
Mas há quem veja tudo isso com uma certa desconfiança. “Ao que parece, estamos diante de um fenômeno de marketing”, disse Richard Sloan, psicólogo do Centro Médico Presbiteriano de Columbia, em Nova York, comentando o encontro do Dalai com os cientistas, há três anos. Segundo Richard, é discutível se o impacto da meditação sobre o sistema nervoso e a saúde tem um efeito profundo e duradouro ou apenas superficial e efêmero. Então, está na hora de conferir o que os estudos dizem a respeito.

MENTE QUIETA, CORPO SAUDÁVEL
A meditação ajuda a controlar a ansiedade e a aliviar a dor? Ao que tudo indica, sim. Nessas duas áreas os cientistas encontraram as maiores evidências da ação terapêutica da meditação, medida em dezenas de pesquisas. Nos últimos 24 anos, só a Clínica de Redução do Estresse da Universidade de Massachusetts monitorou 14 mil portadores de câncer, aids, dor crônica e complicações gástricas. Os técnicos descobriram que, submetidos a sessões de meditação que alteraram o foco de sua atenção, os pacientes reduziram o nível de ansiedade e diminuíram ou abandonaram o uso de analgésicos. Ou seja, eles aprenderam a entender a dor, em vez de combatê-la. Com isso, deixaram de antecipá-la ou amplificá-la por meio do medo de vir a senti-la. Sim, porque boa parte da sensação dolorosa é psicológica, fabricada pelo medo da dor. Resultado: as queixas de dor, segundo o diretor da clínica, Jon Kabat-Zinn, diminuíram, em média, 40%.

No hospital da Unifesp, em São Paulo, a meditação é indicada para pacientes com fibromialgia (dores nos músculos e articulações), fobias e compulsões. Ali, estudo recente dirigido pela doutora em biologia Elisa Harumi Kozasa atestou a melhoria da agilidade mental e motora em ansiosos e deprimidos que, durante três meses, meditaram sob a orientação de instrutores indianos. Outra pesquisa, coordenada pelas psicólogas Márcia Marchiori e Elaine de Siqueira Sales, deve comparar nos próximos meses os efeitos terapêuticos da meditação com os das técnicas de relaxamento físico.

O desempenho antiestresse da meditação, segundo estudos das universidades americanas Stanford e Columbia, acontece porque a mente aquietada inibe a produção de adrenalina e cortisol – hormônios secretados nas situações de estresse – , ao mesmo tempo que estimula no cérebro a produção de endorfinas, um tranqüilizante e analgésico natural tão poderoso quanto a morfina e responsável pela sensação de leveza nos momentos de alegria.
Já parece motivo suficiente para render-se aos mantras, mas tem mais. Investigações realizadas na Universidade Wisconsin, nos Estados Unidos, acrescentaram que meditar também melhora a ação do sistema imunológico, que defende o organismo contra o ataque de microorganismos (bactérias, vírus e outros germes). A experiência comparou dois grupos de voluntários – um constituído de pessoas que meditavam havia alguns meses e o outro de não-meditadores. Primeiro constatou-se que os meditadores tiveram um aumento na atividade da área cerebral relacionada às emoções positivas. Então, ambos os grupos foram vacinados contra gripe e submetidos a medições quatro semanas e oito semanas depois. O pessoal habituado a entoar mantras apresentou um número bem maior de anticorpos, o que sugere que seus sistemas de defesa estavam mais ativos.

Em abril passado (2003), durante um encontro da Associação Americana de Urologia, anunciou-se que a meditação ajuda a conter o câncer da próstata. E alguns pesquisadores relataram que mulheres com câncer de mama que passaram a meditar tiveram elevação no nível de células imunológicas que combatem tumores. Mas essas descobertas estão longe de alcançar a unanimidade entre os cientistas. O psiquiatra americano Stephen Barret, um dos principais críticos às terapias alternativas nos Estados Unidos, desconfia desses resultados. “Meditar pode aliviar o estresse, mas sua ação nunca irá além disso no tratamento de doenças graves, como o câncer.” Mesmo um entusiasta da técnica, como Herbert Benson, não descarta os tratamentos ocidentais tradicionais. Para ele, a saúde e a longevidade no mundo moderno serão, cada vez mais, resultado de um tripé formado por remédios, cirurgias e cuidados pessoais, incluindo-se aqui a meditação e todo o poder catalisador das crenças nas reações orgânicas.

O CÉREBRO REPROGRAMADO
Mas ainda há muita coisa para ser descoberta sobre o mantra e os pesquisadores estão debruçados sobre os meditadores, tentando entender como é que um ato tão simples causa tantas modificações. Estudos como o de Wisconsin, que ligam disciplina mental a emoções positivas e ao bom desempenho do sistema imunológico, atiçam o interesse dos cientistas em avaliar o real poder da meditação na reformatação das funções cerebrais. E o que eles estão descobrindo é que, com suficiente prática, os neurônios podem reprogramar a atividade dos lobos cerebrais, especialmente a área relacionada à concentração e à orientação.
Não dá para negar que, sobre concentração, o Dalai Lama e os orientais, com sua atenção aos detalhes e sua atenção extrema, têm muito a ensinar aos ocidentais. “Só há pouco a psiquiatria ocidental reconheceu a existência do transtorno do déficit de atenção (uma síndrome caracterizada pela dificuldade de concentração, baixa tolerância à frustração e impulsividade), mas há milhares de anos tradições como o budismo afirmam que todos sofremos desse distúrbio com mais ou menos intensidade”, diz o psiquiatra Roger Walsh, da Universidade da Califórnia em Irvine.

A possibilidade de alterar em profundidade o cérebro, apenas meditando, talvez possa no futuro ajudar a prevenir ou a superar complicações vasculares a custo bem mais baixo que o das cirurgias. Ou a romper condicionamentos e redirecionar as mentes de indivíduos anti-sociais – o que, aliás, vem sendo testado com relativo êxito. Numa experiência na Kings County North Rehabilitation Facility, penitenciária próxima a Seattle, nos Estados Unidos, um grupo de prisioneiros condenados por crimes relacionados ao consumo de droga e álcool praticou vippassana (meditação budista com foco inicial na respiração, seguida de análise existencial) 11 horas por dia durante dez dias. Após voltarem para casa, apenas 56% deles reincidiram na criminalidade no prazo de dois anos, um índice considerado bom comparado aos 75% de reincidência entre os que não meditaram.
Já na Universidade Cambridge, nos Estados Unidos, um estudo constatou a redução de até 50% nas recaídas de pacientes com depressão crônica que passaram a meditar regularmente. A doença é acompanhada por uma diminuição no nível do serotonina no cérebro, processo geralmente revertido com o uso de antidepressivos, como Prozac. A meditação aumenta a produção desse neurotransmissor, funcionando como um antidepressivo natural. Em Cotia, em São Paulo, um programa de meditação para crianças carentes, conduzido pela monja Sinceridade no Templo Zu Lai (sede da primeira universidade budista do país), tem resultado em mudanças no comportamento de 128 meninos de favelas. “Eles melhoraram significativamente a concentração. E a convivência social com eles tornou-se mais tranqüila”, diz ela.

FAST FOOD MENTAL?
Toda essa popularidade, porém, não permite afirmar que a meditação continuará mantendo alguma identidade com a prática ancestral do Oriente. Além de sua gradual transformação em técnica laica, ocorre neste momento uma rápida adaptação do modo de usá-la ao estilo de vida ocidental.
Em vez de contemplações que duram uma eternidade (você aí teria pique para ficar quatro horas sentado no chão, imóvel, como faz diariamente o Dalai Lama?), tornou-se padrão a meditação de 20 minutos duas vezes ao dia. Ainda assim, isso parece exigir uma boa dose de sacrifício de inquietos habitantes de metrópoles como Nova York e São Paulo. No próximo ano, o autor Victor Davich lançará nos Estados Unidos o livro Eight Minutes that Will Change your Life (“Oito Minutos que Mudarão sua Vida”) no qual defenderá um tipo de meditação “fast food” de não mais que oito minutos. Segundo ele, esse é o tempo que os americanos estão acostumados a se concentrar diariamente: os blocos de programas de TV duram exatamente isso, entre um comercial e outro. Da mesma forma, os mantras sonoros em sânscrito das meditações místicas foram substituídos por mantras mentais, baseados em palavras escolhidas ao acaso.
Tais ajustes são vistos com reservas por iogues, praticantes tradicionalistas e até instrutores mais liberais, como a americana Susan Andrews, para quem é saudável tirar a meditação “das nuvens do esoterismo” e aproximá-la da ciência. “Relaxamento e pensamento positivo são efeitos colaterais da meditação, não sua meta”, diz Susan. “O grande alvo é atingir a hiperconsciência, o samadhi, aquele estado de plenitude, iluminação e êxtase indescritível.” A questão é que para chegar lá o meditador precisa deixar de lado a idéia de que meditar não implica qualquer esforço, cuidando de manter a concentração firme e afinada por pelo menos uma hora. E isso, admitamos, é algo que também exige um preparo de monge.

Passo a passo
Há vários maneiras de meditar, mas a regra básica é a mesma: atenção
Sentado
No chão ou em uma cadeira, mantenha a coluna ereta e concentre-se nos movimentos da respiração, observando a entrada e a saída do ar pelas narinas. Se preferir, concentre-se num mantra, que pode ser qualquer palavra, uma frase ou apenas um murmúrio. Repita seu mantra a cada expiração. Fechar os olhos pode ajudar. Se ficar de olhos abertos, concentre o olhar em um ponto.
Em pé
Posicione-se junto a uma fileira de árvores e tente se sentir como uma delas. Concentre-se na respiração e imagine seus pés desenvolvendo raízes no chão.
Caminhando
É uma boa saída para quem, por algum motivo, não consegue ficar imóvel. O segredo é focar as pisadas, vendo-as como um todo ou como segmentos do movimento, que pode ser lento ou acelerado. Melhor caminhar em círculo, sem a expectativa de um ponto de chegada.
Visualização
Crie uma imagem significativa para você – pode ser um símbolo religioso ou uma paisagem – e concentre-se nela.

Entre o céu e os neurônios
Meditação não é coisa só de budistas. Várias religiões têm sua versão dessa prática
Hinduísmo
Textos sagrados do período védico, entre 2000 e 3000 a.C., fazem referências a mantras e contemplações. A meditação é uma das principais práticas do conjunto de escolas religiosas da Índia conhecido como hinduísmo.
Budismo
Foi meditando debaixo de uma figueira que o príncipe Sidarta Gautama alcançou a iluminação, por volta de 588 a.C., tornando-se o Buda. Prática fundamental no budismo, a meditação é vista, sobretudo, como um método de examinar a realidade pessoal e eliminar condicionamentos.
Cristianismo
Os chamados padres do deserto, da região de Alexandria, no Egito, é que consolidaram a meditação como hábito cristão no século 4. A prática, disseminada nos monastérios, desde o século passado vem sendo adotada por cristãos leigos.
Judaísmo
Os praticantes da Cabala, tradição esotérica judaica, difundiram a meditação entre seus adeptos na Europa, por volta do ano 1000, como uma forma de entrar em comunhão com Deus.
Islamismo
Também por volta do ano 1000, os sufis, que constituem o segmento místico dos muçulmanos, incorporaram a meditação aos seus rituais, os quais incluem o êxtase místico por meio da dança.
Independentes

Em 1967, um encontro dos Beatles com o guru Maharishi Mahesh Yogi iniciou a expansão da meditação transcendental no Ocidente e o florescimento de uma infinidade de gurus e técnicas meditativas que, desde então, atraem adeptos em toda parte. 

Fonte: http://super.abril.com.br/ciencia/so-respirar-444172.shtml


Experimento com meditação coletiva em New York (1993) reduz criminalidade



segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Projeto Consciência Global



O Projeto Consciência Global (GCP - Global Consciousness Project, também chamado de Projeto EGG) é um experimento parapsicologia começou em 1998 como uma tentativa de detectar possíveis interações de "consciência global" com os sistemas físicos.
O projeto monitora uma rede geograficamente distribuída de geradores de números aleatórios de hardware em uma tentativa de identificar saídas anômalas que se correlacionam com amplas respostas emocionais aos conjuntos de eventos do mundo, ou períodos de atenção centrada por um grande número de pessoas. 
O GCP é financiada com fundos privados através do Instituto de Ciências Noéticas e se descreve como uma colaboração internacional de cerca de 100 cientistas e engenheiros.

A pesquisa
A metodologia do BPC é baseada na hipótese de que os eventos que provocam emoção generalizada ou chamar a atenção simultânea de um grande número de pessoas pode afetar a produção de geradores de hardware de números aleatórios de forma estatisticamente significativa.
O GCP mantém uma rede de hardware geradores de números que são interligados a computadores em 65 locais em todo o mundo. Software personalizado lê a saída dos geradores de números aleatórios e registos de um ensaio (valor de 200 bits), uma vez em cada segundo. Os dados são enviados para um servidor em Princeton, a criação de um banco de dados de sequências sincronizadas paralelas de números aleatórios. O BPC é executado como um experimento de replicação, essencialmente, combinando os resultados de muitos testes distintos da hipótese. A hipótese foi testada através do cálculo da amplitude das flutuações de dados no momento do evento. O procedimento é especificado por um protocolo experimental de três etapas. 
No primeiro passo, a duração do evento e o algoritmo de cálculo são pré-especificada e entrou em um registo formal. 
No segundo passo, os dados do evento são extraído da base de dados e uma pontuação de Z, o que indica o grau de desvio da hipótese nula, é calculada a partir do algoritmo pré-determinado. Na terceira etapa, o evento de Z-score é combinado com os escores-Z de eventos anteriores para se obter um resultado total para a experiência.
O GCP afirma que, a partir de finais de 2009, o resultado acumulado de mais de 300 eventos registrados significativamente apoia a sua hipótese.

Os dispositivos remotos podem ter sido apelidado de Ovos de Princeton, uma referência para o electrogaiagram, referindo-se ao eletroencefalograma e a Gaia. Os defensores e céticos têm se referido ao objetivo do BPC como sendo análogo à detecção de "uma grande perturbação na força".


Ceticismo
Céticos como Robert T. Carroll, Larsen Noel, e outros questionaram a metodologia do Projeto Consciência Global, particularmente a forma como os dados são selecionados e interpretados, dizendo que as anomalias de dados relatados pelo projeto são o resultado de "a combinação de padrões" e viés de seleção, que acaba por deixar de suportar a crença em psi ou consciência global. Outros críticos, enquanto discordando com os resultados de BPC, notaram que a operação de abertura do BPC "é um testemunho da integridade e da curiosidade dos os envolvidos. "

Quero complementar este post com a citação do matemático John Von Neumann que postula o seguinte: "...se nós sucessivamente estabelecermos toda uma hierarquia de máquinas insensíveis entre o objeto quântico que desejamos observar e nós mesmos - cada qual tentando mensurar o precedente -, a cadeia inteira continuará no limbo até assomarmos na cena, passando então a observar. Isso porque todas as máquinas em última instância obedecem à física quântica; cada uma delas se tornará ondas quânticas de possibilidade após atingir com a precedente, ad infinitum (1955).
Interpreta Amit Goswami, "...Em outras palavras, os chamamos "aparatos de mensuração" não podem realmente "medir" um sistema quântico, ou seja, colapsar sua própria possibilidade. "

Finalizo: "Sem a consciência não é possível colapsar a possibilidade quântica."


Colaboração do amigo Pedro Macedo
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Global_Consciousness_Project

domingo, 9 de setembro de 2012

Modelos Atômicos


Demócrito e Leucipo (480 A/C)
Esfera maciça neutra e indivisível.

Dalton (1803)
Bolinha maciça, indivisível e eletricamente neutra.




Thomson (1897)
Formado por uma pasta positiva recheado por partículas muito pequenas e negativas, denominadas elétrons.



Rutherford (1911)
Núcleo era pequeno, maciço, positivo e rodeado por uma nuvem eletrônica muito grande, carregada negativamente.




Bohr (1913)
Elétrons ao absorver energia podiam saltar de um estado de energia interno para outro estado mais externo e quando esses eletróns retornassem ao estado inicial ele devolveria essa energia na forma de luz.





Summerfield
Eletrosfera dividida em níveis e também era dividida em subníveis.



De Broglie (proposto em 1923) e Schrödinger (embasado em 1926)
Apresenta com um núcleo central, carregado positivamente, e uma nuvem eletrônica.




Friedrich Hund






Charles Webster Leadbeater e Annie Besant (1895)
Criaram modelos atômicos por meio de técnicas de meditação.